quarta-feira, 6 de abril de 2011

No escurinho do cinema : VIPs

por Michele Figueiredo





A minha mais recente experiência cinematográfica foi a sessão do filme VIPs, baseado no livro “Vips – histórias reais de um criminoso” e na história real de um dos maiores vigaristas do Brasil, Marcelo Nascimento da Rocha. O mais novo longa estrelado por Wagner Moura se revela uma grata surpresa e revela um grande campo ainda a ser explorado pelo cinema nacional.
O diretor Toniko Melo já deixou claro que, apesar de o roteiro se basear no livro escrito pela autora Mariana Caltabiano, que também contribuiu para o roteiro do filme, e numa história real, VIPs não é uma cinebiografia, mas sobretudo um filme de ficção. No filme, a história é a de um rapaz que não consegue conviver com a sua própria identidade, se agarrando a personagens que ele inventara para si mesmo – ou assumindo a de outras pessoas.
O estilo de narrativa não é muito comum nas produções nacionais: focada no psicológico da personagem, pode causar de início uma confusão no espectador, uma sensação de desconforto, de não estar entendendo direito o que está se passando no filme, até mesmo para quem já está acostumado a este estilo narrativo. E é justamente essa forma ousada de fazer filme, nacionalmente falando, o maior mérito de VIPs, e um dos motivos de eu ter saído tão satisfeita do cinema.
Fugas do método convencional de se contar histórias não são realmente comuns nas produções nacionais, mas são recorrentes. O cinema de Cláudio Assis, por exemplo, em Madame Satã e Amarelo Manga, para nomear alguns de seus trabalhos, usa de um estilo visceral para narrar as histórias de seus filmes; o diretor Luiz Fernando Carvalho, mais conhecido por seus trabalhos em televisão (como a microssérie Capitu, a minissérie Os Maias e novelas), é responsável pela maravilha poética que é Lavoura Arcaica, na minha modesta opinião o melhor filme nacional que eu já vi.
A diferença é que VIPs chega ao circuito, distribuído por uma ampla rede de cinemas da cidade, produzido pelo Fernando Meirelles (que dirigiu Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel e Ensaio Sobre a Cegueira, para citar alguns trabalhos), com apoio financeiro do estúdio Universal e com a presença de Wagner Moura no elenco como personagem principal – o que, devido ao prestígio e excelente carreira do ator, chama o público.


Aliás, a atuação do Wagner Moura merece destaque. Seu último filme que pudemos conferir foi Tropa de Elite 2, e é incrível vê-lo agora em VIPs – sem nenhum traço daquela personalidade forte e marcante do Capitão Nascimento; pelo contrário, vivendo, no começo do filme, um adolescente e, ao longo do filme, vários personagens construídos pelo seu próprio personagem – mais um ótimo trabalho que merece toda a ovação e atenção que está recebendo.
Outro ponto que merece destaque e que me deixou muito satisfeita foi ver a sala lotada, numa sessão de domingo à noite, no primeiro final de semana de exibição, com toda essa problemática de pirataria que temos por aqui e o fácil download de filmes pela Internet.

Desse mergulho no psicológico do personagem tem muito além de drama: divertidas passagens que provocaram riso geral do público, com a presença de um grande elenco de apoio que também faz um ótimo trabalho, um pouco de suspense e também de crítica de valores da nossa sociedade. A parte técnica do filme também merece toda a atenção, principalmente em relação ao som e edição, e sua excelente trilha sonora. Mais um ponto para o cinema nacional, que vem melhorando ao inovar e ousar, e o resultado é um público mais envolvido, que não vai simplesmente ao cinema e depois vai embora pra casa mas que debate sobre o filme, que se questiona, que o faz pensar. E, a longo prazo, um público que se torna mais fiel.

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Gênero: Drama
Direção: Toniko Melo
Elenco: Wagner Moura, Roger Gobeth, Gisele Fróes, Norival Rizzo, Jorge D’Elía, Juliano Cazarré, Amaury Jr, Emiliano Ruschel
Locais de exibição (Salvador): Cinemark Salvador Shopping, Cinépolis Salvador Norte Shopping, Espaço Unibanco de Cinema, Shopping Barra, UCI Aeroclube, UCI Orient Iguatemi, UCI Orient Paralela.

4 comentários:

  1. aaah! o wagner é um dos meus preferidos!
    to doidinha pra ver, mas gosto de ler o livro antes... hehehe

    beijo,
    http://efusivamentedeselegante.blogspot.com/

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  2. Segunda pessoa que ouço falar bem desse filme. Quero assistir! ;)

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  3. Meninas, tava lendo as postagens mais antigas e vi a do Paralela Moda e Arte. Gostaria de saber se vocês sabem se na hora tem como conseguir mais convites. Acho que é melhor falar com o marketing do shopping né?
    Faço faculdade de Moda na Facs e sortearam uns convites e eu ganhei pra sábado o da Angel, queria assistir ou outros de sabado também.
    Aguardo contato.

    mamahvivas.blogspot.com ou
    mamahvivas@gmail.com

    Beijão

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  4. Any, brigada pelo elogio! A coleção da Cris Barros está bacana, bem mais até do que a de Stella, o caimento no corpo eu até gostei mas nem todos os tecidos valem a pena pagar pelo preço sabe?
    Então, quanto ao Paralela Moda e Arte, sem problemas, eu ganhei um convite da Angel, assisto esse e fico lá de cima então para ver os outros.
    Brigada viu?
    Vou favoritar o blog de vocês na minha pagina, adorei!

    Beijão
    Mamah

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