quarta-feira, 28 de março de 2012

Athos Bulcão | Inspiração


Volta e meia eu fico obcecada com alguma coisa. Aproveito a maravilha das internê pra tentar aprender bastante sobre meu objeto de curiosidade. Não foi diferente com o Athos Bulcão.

Athos Bulcão é um dos grandes nomes da arte nacional. Sua produção consta de pinturas, desenhos, pequenas esculturas, máscaras e, sobretudo essas belezinhas da montagem aí em cima: azulejos, painéis e vitrais. 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1918, Athos estudava para ser médico quando, em 1939, abandonou o terceiro ano do curso de medicina ser artista. Tentou teatro - e conta, aos risos, em algumas entrevistas, que o diretor costumava mandá-lo "deixar de ter expressão de pedra" - mas foi munido de pincéis que encontrou sua vocação. Em 1943 conheceu Oscar Niemeyer e, em 1945 trabalhou como assistente de Portinari, com quem estagiou por todo o restante daquele ano. Em 1955 começou a de fato colaborar com Niemeyer e em 1957, a pedido deste, juntou-se à Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), e deu início às suas colaborações no projeto de Brasília.

Pronto. Neste ponto já me entreguei: uma das coisas que mais me fez notar Athos Bulcão foi a presença de suas obras em Brasília (cidade que, a propósito, ele elegeu para si até sua morte, em 2008). Quer seja no aeroporto, na torre de TV ou na Igrejinha da Asa Sul ( chama Nossa Sra de Fátima, mas jamais conheci quem se referisse a ela assim.), as obras do Athos transformam o cotidiano do brasiliense em uma existência diária mais bonita. Tem painéis em jardins de infância, ministério, centros culturais e, até mesmo (em breve), calçadas. Um verdadeiro museu ao céu aberto. E era bem isso o que ele queria, mesmo: é essa a razão pela qual a capital tem mais obras do artista que qualquer outra cidade - ou museu.

Eu sou apaixonada por Brasília - é um fato, isso. Quando ando por lá e reconheço uma obra do Athos, o coração se aquece um bocadinho. Pensar na Igrejinha, por exemplo, é carinho instantâneo: Não bastasse o formato de chapéu de freira (Niemeyer, seu gênio!), pensar na delicadeza que é cada uma dessas pecinhas com o espírito santo em cima só me faz imaginar, com mais imaginação e mais amor, a época em que minha vó ia à missa aí, todo domingo. Imaginar crianças pequenas convivendo e aprendendo com os painéis dos Jardins de infância da SQS308 e da SQS316 é outra lindeza. Domingo, dia de reunir a família no parque da cidade: mais arte. Até trabalho de político, que pode parecer chato-feio-e-bobo ganha um requinte todo especial. Daqui me ficam duas perguntas: Como não admirar o trabalho, a preciosidade, os traços simples e encantadores? E como, meu deus, tem gente que não ama Brasília?


2011 foi o ano do Athos Bulcão na moda. Seus traços modernistas e a desconstrução muito presente em sua obra inspirou não uma, mas duas coleções de inverno. Ronaldo Fraga se inspirou na obra e nos conceitos de Athos, mergulhando na produção do artista, desde os anos 50 até quando este precisou parar de produzir por conta do Mal de Parkinson. Pra ler sobre, tem o blog do Ronaldo (recomendo ver o vídeo!). A Maria Bonita, por sua vez, lançou uma coleção inspirada na criação de Brasília, no pioneirismo dos candangos e na obra do Athos.

Na música, tem essa brincadeira que os meninos do Móveis Coloniais de Acaju fizeram no vídeo para o cover de A menina dança:





 Para quem quiser saber mais sobre Athos Bulcão, sugiro visitar a página da Fundathos e o especial que o Jornal Correio Braziliense lançou quando de sua morte.




As fotos que constituem a montagem do topo foram todas retiradas da página da Fundathos. As fotos da Igrejinha são daqui e daqui. As fotos dos desfiles da SPFW A/W 2011 são do GNT moda. 

2 comentários:

  1. Adorei o moço, dona Any! Vou ficar de olho em mais coisinhas com a cara da arte dele. :)

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