segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Relato de uma fã apaixonada



Depois da estreia de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, em julho de 2009 – após adiamento de mais de 7 meses – começou, para os fãs, uma nova contagem regressiva, dessa vez, para Harry Potter e as Relíquias da Morte, o final épico da saga. A notícia de que o filme seria dividido em duas partes já tinha sido divulgada então, o que elevou a expectativa dos fãs a respeito do final da série.

J. K. Rowling lançou o último livro da série em julho de 2007 – no Brasil, foi lançado em novembro – mas bastava vazar uma nova notícia relacionada a Harry Potter – fotos das filmagens, entrevistas com os atores, possível exibição 3D – para mobilizar o fandom novamente, para que o sentimento único de ser fã de Harry Potter, sentimento esse que atravessa as fronteiras dos continentes, contagiasse novamente a todos.

O twitter uniu os fãs e fez com que eles, agora mais conectados, fizessem contagem regressiva: faltam 300 dias.. 200 dias... 100 dias... E faltando, finalmente, pouco mais de dois meses para a estreia de “Relíquias da Morte”, foi divulgado o trailer oficial. “Deathly Hallows”, o título original, ficou no primeiro lugar dos Trending Topics mundial por mais de 24 horas. Como fã, eu sentia um orgulho que não cabe em palavras. Mais de dois anos depois do final da série ter sido lançado, os fãs ainda se mobilizam diante de Harry Potter. O sentimento ainda existe, cada vez maior e mais forte.

E, quando finalmente novembro chegou, a consulta aos sites das redes de cinema se tornou diária, em busca de ingressos antecipados. Dessa vez eu jurei que garantiria a pré-estreia do filme, pois das vezes anteriores nunca conseguia, por um motivo ou outro, acompanhar a primeira sessão do filme. Sempre ouvia relatos de como era fantástico na pré-estreia, e esse ano fiquei de butuca até que soube, pelo Twitter, por outro fã da série, que já estava disponível a venda online. Imediatamente comprei o meu ingresso. Impresso em minha própria casa, seguro na minha mão. Mesmo assim era difícil de acreditar.

Mesmo com o ingresso na mão, as dificuldades – que haviam me impedido de ir das vezes anteriores – surgiram novamente: as minhas possíveis companhias não tinham conseguido ingresso ou não tinham como voltar para casa após o término da sessão, eu própria não tinha meios nem para ir nem para voltar. Sendo assim, juntei por duas semanas dinheiro suficiente para voltar para casa de táxi. Ainda no dia da pré-estreia, na quinta-feira, 18 de novembro, meu pai me dando bronca por ir ao cinema meia-noite sendo que tinha aula na sexta pela manhã e insistindo para que eu não fosse. Mas eu fui. Saí de casa às 19h30min, peguei um ônibus e cheguei ao shopping às 20h.

Assim que cheguei, enquanto subia as escadas para o Cinemark, dei de cara com um “sonserino”: um menino fantasiado de alguém que pertencia a casa Sonserina, em Hogwarts. E quando cheguei ao cinema vi que ele não era o único: praticamente só tinham os famosos cosplay: a fila já chegava perto da Burger King, formada, principalmente, por meninos e meninas que desenharam cicatrizes em formato de raio em suas testas, empunhando varinhas, com as vestimentas de Hogwarts, outros com o uniforme completo de um típico jogador de quadribol. Mas o ingresso estava ali, apertado na mão suada, a ansiedade muito mal contida nos rostos apreensivos, falando alto, conversando ansiosamente...

21h30min. Uma hora e meia na fila. Estávamos a pouco mais de duas horas para acompanhar o filme que esperamos por mais de um ano, e a hora se arrastava, parecendo se deliciar com o nosso desespero!

Às 22h10min foi anunciado que a sala seria liberada. Ao chegar à sala, achei que estaria lotada, mas acabei achando uma fileira de quatro lugares vazia. Logo chegaram três meninas, que, após eu avisar que não estava guardando lugar para ninguém, sentaram comigo. Elas ficaram curiosas pelo fato de eu estar sozinha à pré-estreia, mas admiraram minha coragem e tudo ficou justificado pelo fato de ser Harry Potter. Eu não pude evitar me perguntar se isso aconteceria caso fosse uma sessão “comum”, caso aquela sala não estivesse cheia de pessoas que nutriam um mesmo sentimento. 22h30min... 23h. A hora se arrastava o mais lentamente que podia. Fizemos quiz sobre os sete livros para passar o tempo.

E então, depois do que pareceu uma eternidade, pontualmente às 23h55min as luzes foram apagadas e a tela branca se dissipou. À imagem projetada do símbolo da Warner, a sala encheu com os gritos, assobios e palmas. A espera de mais de um ano chegara ao fim.

De início, foi difícil para alguns dos fãs conterem a paixão que sentem pelos três atores principais do filme – à primeira aparição de cada um deles houve gritos e assobios – mas logo os ânimos foram se acalmando. Relíquias da Morte, o filme, deixa claro logo no início que a situação a ser enfrentada no mundo dos bruxos é ainda mais perigosa do que antes da queda de Lord Voldemort; e a sequência dos Sete Potters, com a morte de dois personagens queridos, e a da invasão de Comensais da Morte no casamento de Gui e Fleur, e a perseguição a Harry, Rony e Hermione, durante sua fuga, dificultaram a minha respiração. Que as cenas de ação de Harry Potter são incríveis é uma comprovação que vem sendo feita a cada filme, mas esse, com um clima mais sombrio e de incerteza que paira sobre a história, deixou as cenas ainda mais incríveis.

O roteiro de adaptação foi um dos melhores. Apesar do clima sombrio da história, que o filme soube captar com sucesso, foram adicionadas cenas que não existiam no livro e incluídos diálogos a outras que existiam, que proporcionaram humor à história, com um equilíbrio perfeito, tudo na medida certa.

A atuação do elenco também é um ponto que merece muito ser destacado. A começar pelo trio principal, Rupert Grint (Rony) é um ator que, desde os seus 11 anos de idade, me contempla em tudo que faz com seu personagem. Ele não interpreta apenas; ele é Rony Weasley. E nesse filme, em especial, sua atuação está excelente. Para mim ele é o maior destaque do trio. Emma Watson (Hermione) pra mim também é a Hermione Granger, mas não pela sua atuação em si, que não me agradava muito, e sim pelo porte da atriz, pelo fato dela ter características da personagem que a ajuda a impulsioná-la. Mas nesse filme ela melhorou muito, deu gosto de vê-la. Era praticamente a Hermione saindo dos livros. Até o próprio Daniel Radcliffe, que nunca me agradou como Harry Potter (a não ser nos primeiros filmes, quando era criança) e muito menos como ator, está melhor nesse sétimo. Ralph Fiennes (Voldemort) e Helena Bonham Carter (Belatriz), os vilões da história, também estão fantásticos, como, aliás, eles são em todo trabalho que fazem. A popularidade dos atores junto ao público é tamanha, inclusive, que as cenas deles também foram ovacionadas na sala. (Certamente os fãs não sentiram vontade de bater palmas para esses vilões enquanto liam o livro!)

Filme bom é assim. E, ao fim, mais palmas.

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