quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Afinal, o que querem as mulheres?

Paz, amor, dinheiro, saúde, companhia, solidão... Er... Não, não é bem disso que eu estou falando.

Afinal, o que querem as mulheres? É um dos seriados da nova leva de produtos audio-visuais da Rede Globo, e que estreou no último dia 11. Sei que, por ser um produto da Globo, vocês com certeza já devem ter ouvido falar alguma coisa da série - nem que seja a música de abertura ecoando nos intervalos comerciais da emissora -  mas, mesmo assim, resolvi recomendá-la.

Afinal... Conta a história de André Newmann (Michel Melamed), estudante de Psicologia que tenta, em sua tese de doutorado, responder à pergunta sem enlace de Freud. Enquanto a vida profissional de André dá um salto - sua tese vira um best-seller e, dele, origina-se uma série - sua vida emocional não vai tão bem: sua absorção na pesquisa faz com que Lívia (Paola de Oliveira), sua namorada há cinco anos, resolva deixá-lo. Desde então, a fama de entendedor da alma feminina gerada pelo sucesso de seu livro torna André num verdadeiro...Garanhão. E é essa série de encontros, desencontros e remoídas do amor de André por Lívia que darão continuidade à história. Com direito a Russas Malucas, Atendentes Safadas e uma boa dose de complexo de Édipo.

Se falando assim a história parecer meio fraca, garanto que a culpa é somente minha. Se não bastasse a caracterização desse tipo intelectual-meio-alternativo de vida - quantas obras de ficção televisiva nacionais giram em torno de doutorandos, pintoras, ninfetas e homens-intelectuais-perfeitos? (aliás, esse é um ponto a que devo retornar depois) -  ainda vale mencionar o traço autoral da direção de Luiz Fernando Carvalho - que, entre outros trabalhos, é responsável pela séries Capitu (2008) e A Pedra do Reino (2007) - que dá um tratamento todo diferenciado à imagem e à estrutura narrativa.

Para se ter uma idéia desse traço autoral, o trailer da série:

Além desse encantamento visual, o que me desperta a atenção na série é a forma como os estereótipos são ampliados de uma forma divertida à série. Como no mundo do Dr. Newmann é normal falar russo e escrever dissertações conciliando conceitos teórico-filosóficos a produtos culturais como Bob Esponja, o galã-comum da ficção, encarnado por Rodrigo Santoro (que interpreta a si mesmo), perde todo o charme que o surfe, o gel no cabelo e a popularidade nas redes sociais proporcionam, e passa a ser um tipo quase banal e desinteressante - ao contrário do intelectual meio maldito do protagonista, que tem seu charme extrapolado a níveis tão absurdos que aquelas cantadas dignas do @pedreiro_online funcionam perfeitamente bem nele.

Outro detalhe interessante na construção da narrativa é como o diretor trata os trechos metalinguísticos - aqueles que tratam da construção da série oriunda da tese de doutorado. Em um determinado trecho, são alternadas as memórias de André e as cenas da série, protagonizadas por Rodrigo Santoro e Lavínia Vlasak. Enquanto as cenas da série são superficiais e quase forçadas, as memórias são vívidas e intensas. Parece bobagem, mas é o tipo de detalhe que marca a construção narrativa de Luiz Fernando Carvalho. 

Mas ok. Se você não for comunicóloga, não sofrer dessa mini-obsessão minha por teleficção seriada e achar que todos os meus argumentos até aqui foram furados, argumentos de menininha: 

- a caracterização das personagens é incrível. O figurino é pensado na mesma ótica detalhista de todo o resto da série. A Bruna Linzmeyer, que interpreta a russinha maluca, por exemplo, tem sempre uma série de cores e formas nas roupas, algo bem próximo da personalidade de ninfeta da personagem. Rodrigo Santoro, mesmo quando caracterizado com o André Newmann, a personagem da personagem, tem um ar de galã irreparável, e Paola de Oliveira, fazendo jus à sensual, equilibrada e romântica Lívia, foi caracterizada por cachos escuros e vestidos leves

-A série é bem franca quanto aos homens. Não se engane pela cara de nerd carente do Michel Melamed. Ele é inteligente, fofo e sensível, mas é também o que empurra a atual mocinha para outro sem dó nem piedade, o que passa uma cantada batida e o que olha para a voluptuosidade feminina nas praias. Mas, sim, ele se sente atormentado pela alma feminina.

- O Michel Melamed é um fofo. Ok. Isso é o que eu acho. Vocês podem ficar com o Rodrigo Santoro ;)

-André Newmann tem um blog. Adoro quando os produtos midiáticos são pensados em diversas plataformas. Se você duvida que o nerd-carente pode ser safado, tenha certeza: http://afinaloquequeremasmulheres.globo.com/andrenewmann/

-Vamos descobrir o que se pensa que querem as mulheres. Porque, se este título é pretensioso, nem imagino qual será a resposta.

Pronto. Parei de babar em cima da série, que, aliás, acabou de começar. Corram pra TV!

(Afinal... Vai ao ar às quintas-feiras, aproximadamente às 23:30. Os episódios que já foram ao ar estão disponíveis aqui)

Um comentário:

  1. Achei (muito) digno o review. Semana que vem, vou tirar a poeira dos sistemas internos da minha TV e assistir 'Afinal, o que as mulheres querem?'.

    ResponderExcluir